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2009/07/06

Sóbrinca Deluxo - Bicicleta para criança (1/2)

Se há dias em que escrever neste blogue é uma coisa objectiva, outros há em que é uma coisa subjectiva. Mas num caso e no outro, há um objectivo: falar das "rodas nacionais".
Mas também há dias em que a escrita não tem adjectivos pelo meio e dias em que a escrita está cheia de adjectivos - no 1.º caso não há opinião de quem escreve, no 2.º caso o texto é mais subjectivo, uma vez que está contaminado com a opinião do autor.
Hoje o texto é tendencialmente de 2.º caso (e acho que amanhã também o será...).

Então vamos lá:
Se Sintra tem o museu do brinquedo mais conhecido do país - fruto da doação de uma colecção de brinquedos que alguém fez durante muitos anos, já Caldas de S. Jorge não tem o museu dos brinquedos fabricados no seu território.
Se no 1.º caso a coisa foi feita por gosto e nos tempos livres (será que foi?), no 2.º caso o museu não existe, nem existe nenhuma valorização por parte de quem esteve ligado a estes projectos, talvez por estarem associados a esforço e horas de trabalho. As fábricas fecharam e hoje nestas localidades ainda não se reuniram esforços para mostrar o que de bem faziam. Afinal estes foram os brinquedos da infãncia de muitos de nós.
É a dicotomia deste país, não fazer nada versus fazer alguma coisa. Aparentemente os primeiros levam vantagem considerável sobre os segundos.
Aos segundos resta-lhes arregaçar ainda mais as mãos e trabalhar para verem o seu trabalho reconhecido, ou então, esperar que os primeiros sofram privações por não trabalharem - mais tarde ou mais cedo terão de fazer alguma coisa, afinal as vacas gordas não duram para sempre e sempre ouvi dizer que "quem não trabuca, não manduca".
Sei que o que descrevi ainda poderá demorar alguns anos a acontecer, ou nem chegar a acontecer - mas o tempo dirá que tenho razão.
O Museu do Brinquedo de Sintra está desenraizado no local onde se encontra - com excepção da provável relação entre o coleccionador e a localidade onde está o museu + o facto de alguma da população de Sintra ter tido capacidade financeira para comprar brinquedos, numa época em que não era qualquer um que os tinha.
A questão é que é uma colecção de brinquedos que tanto poderia ser de um coleccionador português, como brasileiro, como angolano... É uma colecção que resulta de um critério pouco objectivo: juntar brinquedos! Apesar de ter o interesse de mostrar diferentes exemplares de diferentes épocas, materiais e culturas.
Acontece que em Caldas de S. Jorge fabricaram-se, e ainda se fabricam brinquedos... Brinquedos esses que estão intimamente ligados a quem nós somos. Também se ignora o passado industrial, que acaba por se refectir no modo como hoje se encara o presente. Um museu com uma colecção desses brinquedos pode ser uma mais valia indiscutível: relembra um passado de iniciativa, de determinação e de capacidade criativa. Esse museu poderia ainda ter uma zona para exposição, temporária ou permanente, de brinquedos representativos da industria nacional: da Maia Borges, da Majora, da Osul, da Luso Toys e de outros tantos.

Não será pela falta de matéria prima que o museu não estará repleto. Já aqui mostrámos brinquedos da Bébécar, da Carbébé, da Fabruima e da Sóbrinca. Tudo marcas que laboraram em Caldas de S. Jorge e estou certo que a lista ainda não está completa (a Fabrinca também será de lá?...).

Como dizíamos no início deste texto, o objectivo é falar das rodas nacionais, pelo que aqui estou eu a apresentar esta bicicleta com rodinhas da Sóbrinca. É o modelo Deluxo, tem selim da marca Raio...

As rodas são em borracha maciça, com uma faixa lateral branca. Já as rodas são em chapa estampada e cortada de modo a imitar os rais das rodas dos "grandes".

Tem um suporte para mercadorias na zona traseira e brevemente haverá mais fotografias sobre ele.

3 Comentários

motardxf disse...

quanto vale uma reliquia destas por favor responda me por favor
motardxf@hotmail.com
vitor santos

carlos disse...

Gostei do que menciona na sua mensagem, é verdade que o <Museu de Sintra é um amontar de peças de várias origem, mas é certo que às vezes as pessoas não abrem museus onde querem, mas sim onde podem, e digo-lhe de fonte limpa que o museu do brinquedo de Sintra não abriu ali porque o coleccionador era dali, mas sim porque ouve alguém na Camara de Sintra que tinha sensibilidade para com os brinquedos e os livros. Gostaria de continuar com o meu comentario mas tenho que o deixar a meio, mas, de conserteza VOLTAREI A DEIXAR MAIS COMENTÁRIO, até porque tenho muita informação sobre fábricas, fabricantes e brinquedos antigos portugueses.

Viriato disse...

Bom dia Carlos.
Obrigado pelo comentário e fico à espera de mais notícias. Se quiser pode usar o endereço de e-mail do blogue.
Cumprimentos
JB

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