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2008/12/11

Oliveira - 100 anos, eu e as rodas nacionais


Falar hoje e aqui de Manoel de Oliveira é mais do que uma simples formalidade que fica bem, no dia em que o realizador comemora 100 anos de existência.
Manoel de Oliveira significa muito mais.
Significa o querer estar do lado daqueles com que poucos estão (ou estavam). Se muitos na sua juventude se violentaram bebendo cerveja até tolerarem o gosto da mesma (não me venham dizer que gostaram logo de cerveja assim que a beberam pela primeira vez...), eu experimentei ver filmes de Manoel de Oliveira para saber se gostava deles, sem me violentar - entenda-se! A caminhada nem sempre foi fácil. Convencer aqueles que eram tidos por amigos a ir ver um filme de Oliveira não era fácil. A situação chegou ao extremo de ver o filme "A caixa" sozinho (sozinho mesmo - nem amigos, nem público...) numa sala dos cinemas existentes no Centro Comercial do Bom Sucesso, no Porto. Quando entrei para a sala, a menina que cortava os bilhetes disse-me: "Não tem medo, pois não?...". Pensei para comigo: "Isto é uma tentativa de engate fácil?!...", ao que devo ter dito: "Desculpe, não percebi?..." e a menina lá me disse que ia ver o filme sozinho. E vi e soube-me muito bem. Senti-me bem com a situação e pensei que a mesma se enquadrava no que já alguém disse "Não sei para onde vou, mas sei que não vou por ai".

Depois seguiu-se o Garden Party e outros mais.
Um desses filmes foi o "Non ou a vã glória de mandar", visto numa sessão de homenagem que fizeram a cineasta, onde lhe tirei as duas primeiras fotografias que aqui mostro. Na altura pensei que devia tirar as fotografias, pois achava que elas ainda me seriam úteis. Hoje percebi que era o dia em que me iam ser úteis. Lá fui procurar o CD onde estavam guardadas e aqui as publiquei.
Ao ver o "Non ou a vã glória de mandar", para além dos camiões militares Berliet Tramagal que aparecem numa parte relativa à Guerra Colonial Portuguesa, percebi um pouco melhor a história do nosso país e encontrei uma parte do significado da minha existência e da nossa caminhada, a tal que não sabemos para onde é, mas que temos de saber para onde é que não é.
Mais tarde, quando comecei e pesquisar sobre a temática sobre a qual versa este blogue, descobri que Manoel de Oliveira estava ligado aos automóveis Edfor, tendo mesmo chegado a pilotar um em competições automóveis.

Entretanto soube que o Edfor V8 que já pertenceu a Manoel de Oliveira tinha sido recuperado e que ia ser apresentado no salão Autoclássico 2006, na Exponor, estando prevista a presença do realizador no evento referido. Não precisava de mais argumentos ou motivos para me deslocar ao local e fazer registo do acontecimento. Para isso fui munido de máquina fotográfica digital (com a qual consegui as fotografias que já aqui apresentei), com uma máquina fotográfica analógica de formato panorâmico (para conseguir fotografias únicas de um momento único) e uma máquina de filmar que neste dia decidiu começar a gravar aos soluços...

Se Manoel de Oliveira contribuiu para a história das rodas nacionais (faltou ainda falar, entre outros, do filme que fez sobre o Edfor e do filme Aniki Bóbó, onde há significativos registos relacionados com veículos, especialmente de comboios) também eu, conscientemente ou inconscientemente, espero fazer o mesmo.

Soube que Manoel de Oliveira pretende fazer um filme (ou documentário) relacionado especificamente com a sua experiência com o Edfor. Independentemente disso, gostava de lhe fazer uma entrevista para falar sobre os assuntos de que aqui dei conta. Pode ser que essa entrevista ajude outras pessoas a encontrar parte da sua razão de existir e de sentir.

Parabéns Mestre!

Se alguém me puder ajudar a obter o contacto do realizador, queira fazer o favor de o enviar para o e-mail do blogue.

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